domingo, 6 de maio de 2012

MARCO DE UMA ENTREGA



IMAGEM DA CONVOCAÇÃO DE PLEBISCITO REALIZADO EM 2007 SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA CIA VALE DO RIO DOCE, ORGANIZADO PELA CAMPANHA "A VALE É NOSSA". DOS 3,7 MILHÕES DE BRASILEIROS QUE VOTARAM, 94,5% REJEITARAM A VENDA DA EMPRESA 


O blog reproduz abaixo editorial publicado hoje pelo site http://www.novojornal.com/, de autoria do jornalista Geraldo Elísio, amigo sabedor e convicto dos interesses do povo brasileiro. Demos ao post o mesmo título do editorial, "MARCO DE UMA ENTREGA":



“Se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la.” – Tiradentes, herói de Independência nacional



Há exatamente 15 anos, quando estava à frente do governo brasileiro o entreguista e fraudador da dívida externa brasileira, Fernando Henrique Cardoso, segundo o deputado federal Protógenes Queiroz, do PC do B de São Paulo, aconteceu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, um dos maiores crimes de lesa pátria já cometidos no Brasil.


A CVRD foi criada há 70 anos (junho de 1942) por Getúlio Vargas, através de Decreto-Lei (com o controle acionário do governo federal) com o objetivo de impulsionar a exploração das riquezas minerais do subsolo brasileiro, principalmente o ferro, em consonância com as disposições contidas no Código de Minas - que fazia distinção entre a propriedade do solo e a do subsolo e vedava a exploração do subsolo brasileiro a estrangeiros.


O governo brasileiro programou a partir da década de 40 uma política mais agressiva na área da exploração mineral, com nítido propósito nacionalista. Vargas eliminou definitivamente as pretensões da Itabira Iron Ore Company mantidos no Brasil. Desde o descobrimento cobiçado por outras potências em função de suas riquezas naturais.


Em que pese à orientação nacionalista do governo brasileiro, a criação da CVRD contou com a colaboração dos governos dos Estados Unidos e Inglaterra, graças ao contexto da Segunda Guerra Mundial. A incorporação do patrimônio da Itabira Iron à nova empresa se deu graças a entendimentos com o governo britânico.


O espírito empreendedor e de estadista de Vargas aliou a criação da Vale a um projeto de industrialização do Brasil, incluindo-se aí o surgimento da CSN, até chegarmos à construção da Usiminas (Ipatinga) e da Açominas (Ouro Branco-Congonhas) ambas cidades localizadas no Quadrilátero Ferrífero de Minas que entrou em operação em 86, quando então estava em funcionamento à Siderbrás.


Vale lembrar, em 1924 o presidente Arthur Bernardes assinou o Decreto 4.081, de 09/01, que autorizou a criação de uma siderúrgica no Vale do Paraopeba, renovada pela Lei 2.865 de 12/09/1963. Em 75 o governo de Minas assumiu o controle acionário da empresa, no ano seguinte transferindo-o para a Siderbrás. No mesmo ano o presidente Geisel cravou a estaca inicial simbólica do empreendimento. Em 78 chegaram as primeiras máquinas e a inauguração foi em 86 com a presença do presidente José Sarney. Mas em 91 foi lançado o criminoso plano de privatização das siderúrgicas estatais para atender ao chamado Consenso de Washington, apesar dos reclames populares e pesados investimentos na mídia para tentar convencer o povo do contrário.


A Vale foi privatizada em 6 de maio de 1997 - durante o governo de Fernando Henrique Cardoso - com financiamento subsidiado, disponibilizado aos compradores pelo BNDES para o consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional, de Benjamin Steinbruch, que adquiriu o controle acionário da Vale por US$ 3.338.178.240 ou cerca de 3,3 bilhões de dólares, na ocasião, representando 27% do capital total da empresa, antes pertencente à União, que representavam 41,73% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa. As ações preferenciais (sem direito a voto) continuaram em mãos de acionistas privados.


O enorme ganho de lucratividade se deveu, sobretudo, ao grande aumento no preço do minério de ferro - que subiu 123,5% entre 2005 e 2006 graças ao aumento da procura mundial, sobretudo pela China o que permitiu à Vale, a maior detentora de reservas de minério de ferro do mundo, fazer investimentos e implementar controles de gestão, tornando-se ainda mais competitiva para atender às novas necessidades chinesas e manter sua posição de maior exportadora de minério de ferro do mundo.


Poucos dias antes da consumação da fúria privatista de Fernando Henrique Cardoso, com o apoio maciço dos tucanos, várias manifestações de repúdio marcaram o Brasil afora, inclusive em Belo Horizonte, onde um movimento coordenador por Ciro Buda Verçosa conseguiu a assinatura de várias personalidades tanto da esquerda quanto da direita num grande movimento nacionalista contrário à privatização da Vale do Rio Doce. O documento chama-se Os Novos Inconfidentes, mas sem ter nada a ver com o título da obra histórica escrita pela professora Heloisa Murgel Stharling, envolvendo os conspiradores anteriores ao golpe de 64.


Num mesmo caminhão a servir de palanque, em ato de protesto realizado à noite, na Praça Sete, coração de Belo Horizonte, discursaram juntos o ex-presidente, vice-presidente da República e governador de Minas, Aureliano Chaves, parlamentares de todos os partidos de esquerda e o brigadeiro do ar Ivan Frota, que chegou a concorrer à presidência da República, logo após ocorrendo o ato de aposição das assinaturas dos signatários no documento Os Novos Inconfidentes.


Fica registrada a data histórica e a oportunidade para a CPI da Privataria, solicitada pelo deputado federal delegado Protógenes Queiroz aprofundar investigações sobre os prejuízos causados aos cofres nacionais e ao futuro brasileiro com a criminosa privatização da Companhia Vale do Rio Doce, disponibilizando riquezas naturais do subsolo brasileiro aos interesses estrangeiros.


Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.


geraldo.elisio@novojornal.com



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